Mulheres com casos de câncer de mama na família, especialmente em parentes de primeiro grau, precisam ter atenção redobrada à saúde das mamas, pois a hereditariedade é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Recentemente o INCA – Instituto Nacional do Câncer publicou um estudo em que estima que somente no Brasil, até 2025, 704 mil novos casos de câncer serão diagnosticados por ano na população do país. Destes, o Instituto prevê que 74 mil sejam câncer de mama. Este estudo ressalta o alerta às mulheres, é preciso se atentar à saúde, com o acompanhamento médico, a realização dos exames de rastreio, como a mamografia a partir dos 40 anos, afinal o diagnóstico precoce tem um papel fundamental nas chances de cura da paciente, chegando a 90% de cura quando a doença é detectada em seu estágio inicial.
O desenvolvimento do câncer de mama é multifatorial, ou seja, não há uma única causa. Existem os fatores de risco relacionados ao ambiente em que a mulher está exposta, aos hábitos adquiridos no decorrer da vida e o hereditário, que leva em consideração o histórico da doença no seio familiar. Conversamos com o mastologista da Clínica Crippa, Dr. Carlos Gustavo Crippa, sobre a hereditariedade do câncer de mama e os cuidados preventivos possíveis para as mulheres nesta condição.
Câncer de mama – Entendendo o fator hereditário
O risco de desenvolvimento do câncer de mama é maior entre as mulheres com parentes em primeiro grau – mãe, irmã ou filha -, que tiveram a doença. Nestes casos, a possibilidade de desenvolver a doença praticamente dobra. Dos casos de câncer de mama diagnosticados anualmente no país, 10% deles são atribuídos aos fatores hereditários, como as mutações germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2, que são responsáveis pela síndrome de cânceres de mama e ovário hereditários. O fator hereditário não é determinante, ou seja, não necessariamente a mulher que tem casos de câncer de mama na família, desenvolverá a doença, assim como as mulheres que não possuem este quadro não estão a salvo do desenvolvimento do câncer de mama.
Hereditariedade – Cuidados necessários para a mulher com casos de câncer de mama na família
É fundamental que a mulher com o histórico de câncer de mama na família converse com o seu ginecologista de confiança, ele a encaminhará, se necessário, ao mastologista, especialista na saúde das mamas. Além disso, é indicado a estas mulheres que realizem os exames preventivos antes dos 40 anos ou 10 anos antes da idade que a familiar registrou a doença. Por exemplo, se a mãe de uma paciente teve câncer de mama aos 45 anos, o ideal é que a filha inicie os exames preventivos a partir dos 35 anos.
Além disso, o profissional que acompanha a mulher, pode realizar o mapeamento genético da paciente, em que é possível traçar um histórico da incidência de câncer nas três gerações anteriores, em média, para averiguar os riscos desta mulher. O teste leva em conta diversos dados pessoais, como: a idade que a familiar tinha ao ser diagnosticada com câncer; o órgão afetado; e se a doença evoluiu e causou a morte da parente. Com este resultado em mãos, o profissional avaliará as chances de desenvolvimento do câncer de mama da paciente, traçando um tratamento preventivo e acompanhamento mais cuidadoso e intenso, conforme o perfil da mulher, afinal, cada caso é um caso e tem sua especificidade.
O médico ainda pode solicitar à paciente, caso considere necessário, o teste genético sanguíneo, sendo possível identificar as falhas genéticas e monitorar mais de perto as chances do desenvolvimento da doença na mulher. Este teste está disponível apenas na rede privada de saúde.
Referências: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa